Domvs Mvnicipalis.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

«Muchém».

Cheirou-me a humidade...
São os primeiros pingos de chuva...
À volta do candeeiro aceso,
Os muchéns voavam em comunidade
De encontro à lâmpada, de claridade turva.
É o insecto alado, cansado, tonto e indefeso!

Corriam, os moanas, pelo chão húmido,
Pejado de muchéns desasados,
Enchendo as latas de leite condensado,
Enquanto os seus rostos sorridentes,
Anteviam um manjar apetecido,
Vinham, aos milhares, muchéns de todo o lado!

O morro de saibro, construído
Laboriosamente, por um exército
Organizado e aparentemente suicida,
Seria o prenúncio de um tempo diluído,
Por aquele ajuntamento conseguido,
Numa curta, louca e estranha vida!

Ah! Agora sim, o silêncio,
Pela noite dentro, ouvindo chuver.
O travo gorduroso e degostado
Do muchém, com que me delicio,
Vou saboreando numa palhota qualquer,
Onde me perco num instante descansado!

Joantago

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