Tinha um macaco, o “chico”, que veio pequeno,
Ainda com idade de beber leite, pelo biberão…
Alguém o tinha apanhado no mato, tremendo,
Cheio de medo, indefeso e com um olhar de súplica!
Era parecido com muita gente, como eu, assim dizendo,
Qual humano, primata, mamífero e uma réplica
Do homo erecto, sapiens ou outro “palavrão”…!
Por vezes, catando-se, parecia mais ameno
Ao sabor de um raio de sol, mais quentinho
E quando chovia, retirava-se para o tambor vazio
Arrastando a corrente que o segurava ao tronco
Da imensa mangueira, do quintal traseiro.
O chico não achava muita piada ao espelho
Onde via reflectido, outro a ele igualzinho…
Guinchava, arfando nervoso e o olhar vermelho,
Congestionado, pulando junto ao canteiro
Até se lhe dar uma banana, que lhe sabia a pouco!
Qualquer carícia que recebia, saltava-me para o colo,
Num agradecimento sincero e o seu cativeiro,
Sempre considerei uma alternativa do destino,
Quase inevitável de vir a ser simples sustento
De outro ser qualquer, a quem servisse de consolo!
Um dia, soltou-se da corrente, para meu desalento,
Nunca mais vi o chico, ou dele soube notícias, fugiu…!